Exposição "O Sopro do Tempo: o patrimônio nacional em Pernambuco"

A mostra O Sopro do Tempo responde a uma demanda de interação e de comunicação do Instituto do Patrimônio Histórico e Artístico Nacional – Iphan com a sociedade brasileira, no intuito de trabalhar a importância da socialização das responsabilidades patrimoniais, da conservação e da transmissão dos seus valores, de seus conceitos, de seus significados e de sua importância na construção de uma identidade social coerente com o passado e o presente da história nacional. Sobretudo, esta exposição inaugura, no âmbito local, o surgimento das Casas do Patrimônio, instituições que, em Pernambuco, estão agregadas às sedes da superintendência do Iphan, e que estão encarregadas da formação de públicos e da implantação de programas de educação patrimonial; cujo projeto pedagógico trata da ressonância e vitalidade do patrimônio sob a égide de cada localidade específica, dentro de uma ótica nacional.

É justamente da dualidade simbólica de uma flauta milenar, de desconhecido e intangível som, que se serve a mostra O Sopro do Tempo para iniciar um programa amplo de educação patrimonial acerca do legado cultural de Pernambuco.

Este pequeno objeto, encontrado no sítio arqueológico conhecido por Furna do Estrago, no Município de Brejo da Madre de Deus, indica não apenas o instrumento arqueológico e histórico, mas um som que pressupõe, sobretudo, um gesto, uma ação humana, uma manifestação sensível do ser em resposta às suas inerentes e emergentes exigências, mesmo que contemplativas. Ao soprar aquela flauta o homem gerava cultura. Esse sopro é um acontecimento de significância dentro do tempo cronológico. Não é o vento que balança as árvores e percorre os mares, não é o resultado da água mole sobre a pedra dura, mas o gesto gerador de cultura, no dizer de João Cabral de Melo Neto, é o “grão amassando a mó [...] a pedra furada de suor”, a vibração do ar propositadamente soprado contra uma aresta construída intencionalmente.

Aluizio Câmara
Curador